quarta-feira, 16 de junho de 2010

Psicóloga conta dia a dia do crack!

RIO - M.S.,12 anos. Na busca pelo crack, foi violentada por seis homens e teve de fazer cirurgia para reconstituir a genitália.
P.F., 15 anos. Com baixa imunidade por fumar crack, contraiu tuberculose.
V.S., 17 anos. Contaminada pelo vírus HIV na rotina de trocar o corpo por uma pedra da droga.

Histórias chocantes como essas fazem parte do cotidiano profissional da psicóloga Marise Ramôa, supervisora da Embaixada da Liberdade, em Manguinhos – da Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS) –, que atende jovens viciados em crack.Há 16 anos fazendo um trabalho de assistência à crianças e adolescentes dependentes de drogas, ela se sente uma espécie de 'mãezona' dessa nova geração de viciados, em crack. Rotina que incorporou à vida particular.– Estou muito implicada nessa causa. São histórias que mexem com a gente. O caso dessa menina de 12 anos me chocou muito – admite Marise, que tem duas filhas. – Faço esse trabalho com amor, como se fossem meus filhos, também.A supervisora da Embaixada assiste a jovens dependentes desde 1994, até assumir a função na entidade da SMAS.
– Tenho prazer de estar com eles, que buscam a mão amiga, um horizonte para se livrarem do vício.
Marise faz questão de mergulhar na intimidade dos jovens, atendidos diariamente pela instituição, em Manguinhos.Essa epidemia de crack, que se alastra pelo Brasil, é retrato do descaso da sociedade, que produz o abandono desses jovens – entende a psicóloga do Núcleo de Direitos Humanos da Subsecretaria de Proteção Especial da SMAS.Segundo ela, os jovens fazem uso de crack como forma de autoafirmação, por carência afetiva junto à família e até como uma atitude de autodefesa por causa da exclusão social.
– Mas, no fundo, é demonstração de que estão sofrendo porque as consequências são sempre danosas para usuários de crack, principalmente, os menores – explica a psicóloga.Em apenas cinco meses, 698 menores assistidos.A epidemia de crack no Brasil começou em 2000. Uma bola de neve que cresce a cada mês. A maior prova disso é o constante aumento de atendimentos feitos pela Embaixada da Liberdade.Criada em 21 de dezembro de 2009, a entidade já acolheu quase 700 jovens dependentes de crack. De janeiro a maio, foram 698 os casos: janeiro (85), fevereiro (114), março (159), abril (187) e maio (153).Além de profissionais especializados, a entidade dispõe de alojamentos, oficinas de artesanato, pintura, desenho, grafite, salão e oficina de beleza – Muitos batem à nossa porta – lembra Marise Ramôa. – Lá, vivem uma rotina de prazer com atividades lúdicas e lazer. Se comportam como crianças e adolescentes .

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