sábado, 19 de junho de 2010

Crack na real,Tratamento!

Profissionais da área de saúde pública e de dependência de álcool e outras drogas referem que é comum o relato de pacientes que não aguentam mais usar a droga, por conta dos danos devastadores, mas que mesmo assim não conseguem parar de usar e, portanto, precisam de ajuda.
O uso de substâncias e a Dependência de álcool e outras drogas são questões complexas e que requerem abordagens multidisciplinar e intersetoriais e os usuários podem ser tratados sem necessariamente estar em abstinência.
Os serviços de saúde do SUS tem se deparado com um aumento do número de usuários de crack que buscam ajuda. Novas estratégias tem sido articuladas nos serviços para ampliar o alcance e efetividade das propostas de tratamento. Nem todos que necessitam de cuidados conseguem chegar aos serviços portanto ações de busca ativa e abordagem na rua, estão fazendo parte das propostas atuais do SUS.
As abordagens ao usuário de crack exigem criatividade, paciência e respeito aos seus direitos, enquanto cidadão, para superar seu estado de vulnerabilidade, riscos, estigma e marginalização. Estratégias preventivas podem ser levantadas não somente entre esse novo grupo, como também dirigidas àqueles usuários que, por algum motivo, ainda não se aventuraram nesse tipo de droga. O atendimento ao dependente de crack deve considerar alguns importantes critérios:
1. O usuário que não procura tratamento: a ele devem ser dirigidas estratégias de cuidados à saúde, de redução de danos e de riscos sociais e à saúde. As ações devem ser oferecidas e articuladas por uma rede pública de serviços de saúde e de ações sociais e devem ser feitas por equipes itinerantes, como os consultórios de rua, que busquem ativamente ampliar o acesso aos cuidados em saúde e em saúde mental destes usuários. A perspectiva dessa abordagem objetiva os cuidados da saúde como também as possibilidades de inserção social.
2. A porta de entrada na rede de atenção em saúde deve ser a Estratégia de Saúde Família e os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Estes serviços especializados devem ser os organizadores das demandas de saúde mental no território. Os CAPS devem dar apoio especializado às ESF, fazer articulações intersetoriais (educação, assistência social, justiça, cultura, entre outros) e encaminhar e acompanhar os usuários à internação em hospitais gerais, quando necessário.
3. Quando o usuário acessa as equipes de saúde e de saúde mental, é necessária uma avaliação clínica das suas condições de saúde física e mental, para a definição das intervenções terapêuticas que devem ser desenvolvidas. É importante que se faça uma avaliação de risco pelas equipes de saúde para se definir se é necessária ou não a internação.
4. A internação deve ser de curta duração, em hospital geral da rede pública, com vistas à desintoxicação associada aos cuidados emergenciais das complicações orgânicas e/ou à presença de algum tipo de co-morbidade desenvolvida com o uso. É concebível e muito comum que usuários de crack, ainda que num padrão de uso preocupante, resistam à internação e optem pela desintoxicação e cuidados clínicos em regime aberto, acompanhado nos CAPSad por uma equipe interdisciplinar, nos níveis de atendimento intensivo, semi-intensivo e até o não intensivo. Nesse caso, a boa evolução clínica, psíquica e social dependerá da articulação inter e intrasetorial das redes de apoio, inclusive e se possível, com mobilização familiar.
5. A decisão pela internação deve ser compreendida como parte do tratamento, atrelada a um projeto terapêutico individual e, assim como a alta hospitalar e o pós-alta, deve ser de natureza interdisciplinar. Intervenções e procedimentos isolados mostram-se ineficazes, com pouca adesão e curta duração, além de favorecer o descrédito e desalento da família e mais estigma ao usuário.
Estratégias de intervenção e cuidados da rede de saúde:
a. Avaliação interdisciplinar para cuidados clínicos (e psiquiátricos, se necessário)
b. Construção de Projeto Terapêutico Individual, articulado inter e intrasetorialmente
c. Atenção básica (via ESF e NASF, com participação de profissionais de AD)
d. CAPSad - acolhimento nos níveis intensivo, semi-intensivo até não intensivo
e.Leitos em hospital geral
f.Consultórios de rua, casas de passagem
g. Estratégias de redução de danos
h. Articulação com outras Políticas Públicas: Ação Social, Educação, Trabalho, Justiça, Esporte, Direitos Humanos, Moradia.

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